Cidades-esponja: a solução para as enchentes


Assim como grandes cidades brasileiras, várias partes do mundo sofreram com enchentes e inundações que causaram tragédias nas últimas décadas. Para enfrentar ou evitar catástrofes, urbanistas têm rejeitado soluções tradicionais – baseadas em bocas de lobo e encanamentos – em favor de novas formas de garantir a drenagem da água: criam, assim, as chamadas cidades-esponja.

Cidades que absorvem a água da chuva e permitem que a água siga seu fluxo natural. Deveria ser fácil, mas inventamos de canalizar nossas águas, aplicar pavimentos impermeáveis e não deixamos a própria natureza fazer a parte dela: absorver e purificar. Para o arquiteto chinês Kongjian Yu, essa é a questão central para solucionar um dos maiores problemas da atualidade em grandes centros urbanos: as inundações.

Aliás, Kongjian Yu defende que as inundações “não são inimigas” e que até podemos fazer “amizade” com ela. Ele é chamado de “o arquiteto das cidades-esponja”.

O conceito parte da ideia central de que as metrópoles modernas lidam com a água de maneira errada. Em vez de coletar a água das chuvas e jogá-la o mais rápido possível nos rios – como ocorre habitualmente –, as cidades-esponja lançam mão de uma série de recursos que asseguram espaço e tempo para que a água seja absorvida pelo solo.

Essas medidas incluem a criação de:

– parques alagáveis
– telhados verdes
– calçamentos permeáveis
– praças-piscina

Numa gestão ideal da água pluvial, o líquido que cai de graça do céu seria melhor utilizado. Que sentido faz termos inundações durante parte do ano e escassez hídrica em outros períodos? Um sistema adequado seria capaz de coletar, armazenar e tratar esta água – o que poderia ser feito criando zonas úmidas, solos permeáveis e margens de rios restauradas.

O conceito de cidades-esponja já foi implantado em Hong Kong onde, por exemplo, abriga um reservatório de água da chuva dentro de um estádio de futebol. O sistema é capaz de armazenar 60 mil m3 de água. Já na Europa, é a descolada Berlim, na Alemanha, que vem testando soluções neste sentido. Em cidades nos Estados Unidos, Rússia e Indonésia também é possível encontrar exemplos da aplicação do conceito. Mas é na China que a ideia foi abraçada pelo governo. Por lá, já são 16 cidades-esponja em andamento com previsão de término para 2020.

Nas cidades chinesas, o objetivo é que 20% das áreas urbanas possam absorver e armazenar 70% da água pluvial. O objetivo é menos asfalto, menos concreto e mais lagos, mais parques.

“Há evidências de que as zonas úmidas sozinhas podem remover de 20% a 60% dos metais na água e reter de 80% a 90% dos sedimentos de escoamento. Alguns países chegaram a criar zonas úmidas para tratar as águas residuais industriais”, afirma a Unesco.

Telhados verdes, jardins verticais e jardins de chuva também entram nas estratégias para absorver a água da chuva. Com a expectativa de que eventos climáticos extremos sejam cada vez mais comuns é preciso se preparar. De qualquer forma, não é preciso esperar que o pior aconteça – quebrar o concreto e ceder mais espaço para a natureza é trazer a reconexão com a terra para que finalmente entendamos que somos parte dela.

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