Quem não se comunica, se trumbica


Durante a campanha umas das promessas do atual Presidente era a diminuição de ministérios para contenção de gastos. O ato em si já era uma falácia, pois a economia gerada é irrisória se comparada aos gastos nacionais. Mas, de fato, no início do governo, houve uma grande diminuição do número de ministros.

No entanto, conforme o governo foi perdendo apoio popular e começaram a se acumular pedidos de impeachment na presidência da Câmara, Bolsonaro vê a necessidade de reaver apoio junto aos congressistas, e é aí que entra o nome de Fábio Faria.

O presidente vai recriar o extinto Ministério das Comunicações e entregar ao genro do Silvio Santos. O Deputado Federal pelo PSD-RN Fabio Faria é muito bem relacionado tanto com os partidos do Centrão, quanto com Rodrigo Maia. Sem contar que tem bom trânsito junto a alguns membros do STF.

Conhecido por seu sorriso fácil e de bom diálogo é uma tentativa do Presidente de apaziguar os ânimos e pacificar a relação emtre o Congresso e o Planalto.

Fora isso, Faria tem bom relacionamento com a imprensa. Relacionamento este que está extremamente desgastado com o governo, que prefere se comunicar por redes sociais ou por mídias alternativas em detrimento das mídias tradicionais.

Bolsonaro prometia que seus ministros seriam técnicos, tese que vem caindo por terra ao longo do governo e Fabio é mais um caso de ministro não-técnico. Segundo fala do próprio Presidente “Vamos ter alguém que, ele não é profissional do setor, mas tem conhecimento até pela vida que ele tem junto à família do Silvio Santos. A intenção é essa, é utilizar e botar o ministério pra funcionar nessa área que estamos devendo há muito tempo uma melhor informação”.

Ser genro do dono de um grupo de comunicação o torna habilitado para militar na área? Provavelment, não. Mas, talvez isso não importe. Silvio Santos também tem bom trânsito com Bolsonaro e é mais um aliado que talvez seja importante agradar.

Mas a vida do debutado junto ao novo ministério, parece, não será simples. Ficará sobre sua responsabilidade a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e as estatais Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Telecomunicações Brasileiras (Telebrás) e Empresa Brasil de Comunicação (EBC), algumas das quais alas do governo defendem que devem ser privatizadas. Porém, tal programa sofre resistência por parte da ala militar.

Além disso, ficará sobre sua responsabilidade a Secretaria de Comunicação, a SECOM, que hoje é comandada por Fábio Wajngarten. A SECOM e Wajngartem, vez por outra, se envolvem em polêmicas e não está descartado a hipótese de que haja atritos na relação entre os Fábios.

Por fim, Fabio Faria e o pai, Robinson Faria, já estiveram envolvidos em denuncias de corrupção: foram denunciados por Ricardo Saud, da JBS. Saud declarou que os dois teriam recebido R$ 10 milhões para que privatizassem a Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte e favorecessem a empresa na disputa. Ambos negam as acusações

Com a escolha, Bolsonaro descumpriu algumas promessas de campanha, se aproxima ainda mais do Centrão, aumenta o número de ministérios, coloca um ministro que passou por investigações de corrupção e, em contrapartida, se aproxima de Silvio Santos e possivelmente melhorará a comunicação do governo. O que se tem de fazer agora é pesar o ônus e o bônus e ver se a escolha valeu a pena.

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