A polêmica das Onze Janelas
A Prefeitura Municipal de Belém, por sua vez, após denúncia, resolveu embargar a obra, alegando o fato dela não possuir o alvará da Seurb, além de não ter a autorização do conselho municipal de patrimônio histórico e muito menos da Fundação Cultural de Belém (Fumbel).
Esta não é, porém, a primeira contenda entre a Prefeitura de Belém e a Secretaria de estado de Cultura envolvendo o complexo Feliz Lusitânia. Relembre-se da histórica briga entre o Paulo Chaves e Edmilson Rodrigues – à época, respectivamente, secretário de Estado de Cultura e prefeito de Belém –, sobre a derrubada do muro do Forte do Castelo, quando, em boa hora, o então secretário executava o projeto da Feliz Lusitânia e encasquetou de derrubar, na calada da noite, o muro incorporado ao conjunto arquitetônico na metade do século XIX, a pretexto de libertá-lo dessas amarras do passado. De fato, o cenário ficou mais limpo e o forte mais visível. Porém o muro era um elemento histórico, um testemunho de época, um inquestionável episódio do passado. Essa, sim, uma modificação irreversível.
Como leigo em Arquitetura e sua preservação, não sabendo nada mais que o básico do básico, talvez não devesse opinar. Mas, como bom brasileiro – povo metido a entendor, que gosta de opinar sobre tudo um pouco, não só futebol e política – penso que existe uma técnica, comumente usada na Europa, e, ultimamente, vem crescendo em grandes cidades brasileiras, conhecida como "retrofit", que aparece como alternativa para a revitalização de construções antigas ou históricas, levando aos prédios novas “roupagens”, tecnologias, design sustentável e muitos outros benefícios. Uma forma inteligente de preservar o patrimônio e dar nova vida a antigos espaços, muitas vezes símbolos da cidade.
Nela, as estruturas metálicas, como a usada tanto nas Onze janelas, como no Bar do Parque, têm considerável aplicabilidade em intervenções de edificações antigas, principalmente as de cunho histórico e caráter preservativo, pois possibilitam a reversibilidade, ou seja, a retirada das peças em uma futura obra, preservando a autenticidade da obra. Além da alta resistência do aço, também viabiliza estruturas mais leves, o que se mostra interessante ao lidar com estruturas apresentam restrições quanto a sustentação.
Cabe mencionar que recursos tecnológicos aplicados nestes projetos, ao serem considerados para situações que ocorram aqui, precisam ser adaptados à nossa realidade, ao segmento alvo da concessão pública e às nossas condições regionais.
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