Alagamentos: o inverno amazônico chegou
Com este período de chuvas, retorna um problema que aflige a capital paraense, pelo menos, desde a primeira metade do século passado, mas que vem se agravando: os alagamentos.
Os alagamentos se dão através do acúmulo momentâneo de águas em determinados locais por deficiência no sistema de drenagem. Em Belém, esses alagamentos são frequentes no período mais chuvoso (obviamente), pois suas características físicas e naturais – além da ação do Homem, que tratarei adiante – o favorecem. A topografia é um exemplo disso, já que, grande parte do seu território encontra-se em áreas rebaixadas, apresentando, portanto, baixa altitude em relação ao nível do mar.
As áreas nas cores azul e verde são terrenos mais baixos, portanto, mais sujeitos a inundação com o aumento das chuvas. |
A ocorrência dos alagamentos é provocada, geralmente, por chuvas intensas e contínuas, podendo ser resultado de uma chuva que não foi suficientemente absorvida pelo solo, por conta da impermeabilidade do mesmo e outras formas de escoamento. A rede de drenagem da cidade, como pode ser visto na figura abaixo, é formada por 11 bacias hidrográficas, a maior parte canalizada e impermeabilizada, o que dificulta o escoamento. As únicas bacias que mantém as características originais são as dos lagos Bolonha, Água Preta e Mata Fome, fontes de abastecimento da cidade.
Neste sentido, pode causar chamados transbordamentos, estando relacionado diretamente com a população onde por sua vez ainda descarta lixo em locais inadequado, que acaba sendo carregada pelas chuvas, ocorrendo à acumulação de detritos em galerias pluviais, canais de drenagem e cursos d'água, insuficiência na rede de galerias pluviais e, consequentemente, deficiência na drenagem urbana que dificulta a vazão das águas acumuladas.
A construção adensada de edificações, por falta de melhor fiscalização do Município, também contribui para reduzir o solo exposto e concentrar o escoamento das águas.
A higiene do meio ambiente de Belém acaba sendo afetada pela poluição decorrente do lançamento de resíduos sólidos domiciliares, entulhos de construção civil, galhadas, entre outros. Prejudicando as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, a segurança e o bem-estar da população, agravando os riscos à saúde pública junto com a degradação já instalada. Deixando a população mais suscetível à transmissão de doenças, como a leptospirose.
Portanto, alagamentos em Belém não são "obras do acaso", nem "infelicidades naturais", como há muito se repete. A urbanização que impermeabiliza canais, o asfalto sem saneamento, a precária oferta de coleta de lixo pela Prefeitura, o despejo indiscriminado nos canais pela população, todos contribuem para a manutenção e agravamento do problema.
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