Frigoríficos da Amazônia preparam campanha para evitar boicote
Em um movimento para se antecipar a uma crise que pode afetar as exportações brasileiras de carne bovina, os principais frigoríficos nacionais, como JBS, Marfrig e Minerva estão se organizando para preparar campanhas institucionais individuais contra um possível boicote de países e importadores da commodity brasileira em meio à crise provocada pela queimadas na Amazônia. As informações são do jornal “O Estado de São Paulo”.
Fontes a par do assunto afirmaram que o Ministério da Agricultura recebeu consultas informais de países, como Arábia Saudita, Alemanha e Egito, questionando qual seria o risco de os frigoríficos brasileiros estarem comprando gado proveniente de áreas de desmatamento ou ilegais. As próprias empresas também teriam sido consultadas por seus clientes. Procurado, o ministério não se pronunciou.
As consultas geraram uma preocupação entre as principais companhias exportadoras, que possuem certificações, compromissos de monitoramento e auditorias certificadas, mas temem que a crise na Amazônia possa provocar um boicote de países protecionistas e afetar a relação com investidores internacionais, que podem deixar de financiar projetos.
A Marfrig, por exemplo, fez há quase dois meses uma captação de US$ 500 milhões de títulos de dívidas ligados à sustentabilidade (“greenbond’). A JBS e a Minerva planejam abrir capital fora do País e uma crise de imagem neste momento pode afetar os planos.
Anúncio. Na semana passada, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) considerou pagar um anúncio de página inteira nos jornais Financial Times e The New York Times para vir a público e explicar que os frigoríficos brasileiros cumprem os mais rígidos controles de qualidade e que não há risco de compra de matéria-prima de áreas de desmatamento e ilegais.
Na sexta-feira passada, no entanto, o projeto foi abortado, e o anúncio cancelado, após a Abiec chegar à conclusão de que a discussão era mais ampla, e não dizia respeito apenas aos frigoríficos, mas ao agronegócio como um todo e ao próprio governo. “Não é um problema da pecuária. Estamos alinhados com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e fazemos parte da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, cuja campanha é “Seja Legal com a Amazônia”, diz a diretora executiva da Abiec, Liege Nogueira.
Consultorias internacionais que já trabalham com os frigoríficos individualmente e com entidades de classe estão sendo ouvidas.
Segundo Liege, os frigoríficos exportadores estão dentro de rigorosas práticas de produção e abertos a responder a quaisquer dúvidas. “Há uma preocupação em como os investidores podem ver essas questões.”
Lideranças do agronegócio ouvidas pelo Estado afirmaram que as conversas se intensificaram em Brasília com o Ministério da Agricultura, e que buscam respaldo do governo nessa crise. “A Operação Carne Fraca, que foi voltada para as indústrias de aves e suínos, afetou por um tempo a carne bovina por pura falta de conhecimento. Não queremos que isso ocorra novamente”, disse uma fonte do setor, que falou sob condição de anonimato
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