Belém ficou mais quente?
Reproduzo texto do perfil @belemtransito, acerca da arborização de Belém e a influência das áreas verdes na temperatura da cidade.
De acordo com uma pesquisa de 2017 da UFPA, cujo objetivo é identificar a variação meteorológica no espaço urbano entre áreas mais urbanizadas e áreas mais arborizadas, realizada pela pesquisadora de Ciências Ambientais Fernanda Moreira, e a Professora e Doutora em Meteorologia Maria Isabel Vitorino, “A expansão das áreas urbanas proporciona a formação de diferentes microclimas no interior e ao redor dos espaços urbanos. Assim, o aumento de áreas construídas favorece a absorção de radiação solar diurna e a reflexão noturna, tendo o fenômeno das “ilhas de calor” como a principal causa de diferencial térmico entre essas áreas e os locais vegetados. Nesse contexto, a supressão da cobertura vegetal contribui sobremaneira para alterar o clima da cidade, por meio de mudanças nos seus elementos meteorológicos, como a temperatura da superfície.”
A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) também faz recomendações para o índice de área verde. Ela preconiza um mínimo de 15 m²/habitante para que as áreas verdes públicas destinadas à recreação venham a cumprir plenamente suas funções social e ambiental de fornecer bem estar, lazer, recreação, isolamento acústico e microclima, entre outros benefícios. Neste aspecto, os distritos administrativos que apresentam mais de 80% da sua área total correspondentes a solo exposto são DASAC (Sacramenta), DABEL (Belém) e DAGUA (Guamá), distritos localizados na primeira légua patrimonial, área de surgimento da cidade. Na área localizada no entorno da Rodovia Augusto Montenegro (DABEN), zona de expansão urbana e imobiliária, há uma grande cobertura vegetal, contudo seu processo de urbanização vem numa crescente, apresentando índice de cobertura vegetal por habitante de 17 m²/habitante.
O artigo segue: “A análise da temperatura da superfície demonstra que os maiores picos estão localizados nas áreas mais urbanizadas, em oposição às áreas com maior índice de cobertura vegetal, que de certa forma as “refrigeram”. Nesse sentido, as menores temperaturas de superfície situam-se em áreas com maior cobertura de verde,DAMOS (Mosqueiro) e DAOUT (Outeiro). Esses distritos, por terem áreas com menor grau de urbanização, apresentam, predominantemente, temperaturas mais amenas, variando de20ºC a 26ºC. No distrito de DAENT (Entroncamento), a área onde se situa o Parque Estadual do Utinga apresenta temperatura da superfície na faixa de 24ºC a 26ºC, o mesmo observado na zona Norte do município e nas ilhas, bem como, no Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves.”
Em oposição, a mancha urbana, DASAC (Sacramenta), DABEL (Belém)e DAGUA (Guamá), e área de expansão, DABEN (Bengui), apresentam as maiores temperaturas de superfície captadas pelo satélite, indicando níveis extremos, com temperaturas variando de 30ºC a 36ºC, o que ocasiona um verdadeiro desconforto ambiental. Ressalta-se que nas áreas de maiores temperaturas, observam-se pequenos pontos com temperaturas de superfície mais amenas; isso se deve à presença de áreas arborizadas como as praças públicas.”
Com a redução do calor, menor é a quantidade de energia usada para a refrigeração de ambientes, o que também reduz a emissão de gases de efeito estua na atmosfera. O processo de evapotranspiração que é a transpiração natural das plantas, processo este que libera vapor d’água na atmosfera, refrescando o ambiente. As plantas também realizam o processo natural de manutenção da qualidade do ar, absorvendo dióxido de nitrogênio, dióxido sulfúrico e outros poluentes que elevam a temperatura local, liberando oxigênio.
A pesquisa conclui:
“Esses dados apontam que a escassez da vegetação leva a um aumento significativo na temperatura da superfície, que, por sua vez, gera impactos, como a diminuição da umidade relativa do ar, favorecimento da ilha de calor, além da ineficiência da “limpeza” do ar, que poderia ser propiciado com o serviço das folhas das árvores, por meio do ciclo do CO2.”
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