Capital privado pode – e deve – viabilizar turismo

Venhamos e convenhamos, na imprensa brasileira é comum a apelação para o sensacionalismo com o discurso de que estão contribuindo socialmente ao alertar a população sobre o tema em pauta. Utilizando-se do expediente da pesca de palavras ou afirmações retirando-as de contexto e lhes concedendo roupagem mais conveniente aos seus fins, seja qual for o espectro político.

A Agência Intercept Brasil publicou nesta madrugada um artigo intitulado "Aluga-se o Brasil" (o próprio título já é sugestivo), replicado por diversos jornais, no qual afirma que " o Governo Federal está colocando em marcha um plano imenso para transformar áreas públicas, praias, cachoeiras, lagoas e zonas de preservação ambiental em empreendimentos turísticos privados" e que teve acesso a "planilha produzida no primeiro semestre deste ano que lista 222 propriedades da União espalhadas por 17 estados e Distrito Federal, que o governo quer passar para a iniciativa privada explorar".

O ponto no qual pretendo chegar é onde menciona-se, na referida reportagem, que o projeto, que o governo deverá anunciar ainda neste ano, segue as bases de um programa iniciado há três anos pelo governo de Portugal.

Há cerca de três meses, compartilhei no Facebook uma opinião sobre o referido projeto do Governo Português, o Programa Revive, o qual pude me inteirar enquanto viajava. Trata-se de uma iniciativa conjunta dos ministérios da Economia, Cultura e Finanças portugueses, lançada em 2016, que promove a recuperação e a requalificação de imóveis públicos classificados como tendo potencial interesse turístico que estão sem uso, através da concessão a iniciativa privada para exploração para fins turísticos. E que não se limita a Portugal. 


Depois dos acordos de cooperação estabelecidos com São Tomé e Príncipe, Angola e Cabo Verde, o Governo português assinou em junho o protocolo com o Governo do estado da Bahia.

A nível de Brasil, de mais de 400 ações de restauro previstas no PAC das Cidades Históricas, lançado em 2013 pelo Governo Federal, menos de 40 foram entregues, por restrição de verba e excesso de burocracia. 

Em se tratando do nosso Pará, com um potencial turístico gigantesco, a recuperação e valorização do patrimônio cultural e histórico  presente em todo nosso território, e a sua tradnsformação num ativo econômico do estado e do país é essencial para potencializar  a atratividade da nossa região e para o desenvolvimento do turismo, pouco fomentados pelo investimento público (seja por restrição de verba ou burocracia), além de assegurar a sua preservação, valorização e divulgação. 

Promover a rentabilização e preservação do nosso patrimônio público que se encontra em desuso, através do capital privado, tornando possível a sua utilização em uma atividade econômica com finalidade turística, gerando riqueza e postos de trabalho, promovendo o reforço da atratividade, é uma necessidade e uma operação possível, que já mostrou resultados – em menor escala – aqui mesmo, na capital paraense (vide Bar do Parque e Casa das Onze Janelas). Em Belém, quantos prédios históricos com potencial turístico não vemos deteriorando-se, sem que haja a previsão de fixar um prego sequer?

Que elogie-se o que for digno de elogios, e critique-se o que for passível de críticas.

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